Croco e Spiders: protagonistas da primeira partida full pads do Brasil

A partida de 25 de outubro de 2008 foi vencida pelo Brown Spiders por 33 a 10 Foto: Arquivo pessoal / Maycon Rodrigues

Duas das equipes mais tradicionais da país voltam a se enfrentar valendo o título do Paraná Bowl no próximo dia 31, em Curitiba. Além de várias partidas emocionantes em âmbito estadual e nacional, Coritiba Crocodiles e Brown Spiders escreveram um dos capítulos mais importantes da história do futebol americano no Brasil: a primeira partida do esporte no país, realizada com equipamentos oficiais do esporte, em 25 de outubro de 2008.

A diretoria do Brown Spiders foi responsável por trazer os primeiros equipamentos dos Estados Unidos já pensando na profissionalização do esporte e, dessa forma, auxiliou outras equipes da capital paranaense nesse processo. Croco e Spiders já treinavam full pads no fim de 2007, inclusive entre si, fato que foi decisivo para aumentar a rivalidade dentro de campo.

Fora dele, por outro lado, as equipes trabalharam juntas para organizar aquela que seria a primeira partida full pads do país. Nilo Tavares, à época presidente do Crocodiles, conta como foi a organização do evento. “Foi uma coisa surreal” relembra Nilo Tavares, presidente do Croco na época. “O evento tomou propoções enormes e quando vimos tinham quase três mil pessoas no estádio”. Não foi cobrada entrada, apenas a doação de alimentos. Isso gerou cerca de duas toneladas e meia de alimentos, que foram doados posteriormente pelas equipes.

Outro ponto fora da curva, especialmente para a época, foi a dupla da transmissão. A organização do evento conseguiu André José Adler, narrador da ESPN, e Silvio Santos Junior, comentarista da BandSports, para prestiar o evento. “Com certeza isso abrilhantou mais a história” comenta Tavares.

Muitos atletas já passaram por ambas as equipes nesse período, mas alguns, poucos, permanecem até hoje. “Eu amo esse esporte” comenta Matheus Luz. Ele e o primo, Romulo Tuleski, começaram a jogar no Brown Spiders em 2007 e vivem a equipe desde então. “O mais claro pra mim é o quanto as duas equipes tentaram ao máximo trazer o espetáculo do futebol americano dos Estados Unidos pro Brasil” relembra Romulo. Além do jogo, em si, a organização buscou equipes de dança para se apresentar, por exemplo.

“Uma experiência totalmente diferente, um mundo novo” comenta Adan Rodriguez, wide receiver do Crocodiles que começou a jogar em 2004 e desde então traçou uma carreira de sucesso no esporte, com títulos estaduais e nacionais pelo Croco, além de ser capitão da seleção brasileira, o Brasil Onças. “O preparo do corpo é diferente”, ressalta o atleta, que trabalha como personal trainer. Foi nessa partida que ele ganhou o apelido Ocho Nueve. “O Silvio Santos Jr. E o André José Adler me deram esse apelido”, relembra Rodriguez. “Em relação ao Chad ‘Ocho Cinco’, do Cinccinati Bengals. Até por eu ter uma descendência espanhola, o apelido ficou até hoje”.

“Eu amo o Brown Spiders e enquanto eu conseguir continuar sendo competitivo e meu corpo aguentar, continuo me divertindo” afirma Luz. De fato, a diversão é um fator relevante na equação de todos que jogam futebol americano no Brasil e permanece desde 2008. Ainda assim, as coisas tem mudado um pouco nesse sentido. “Acho que uma das principais evoluções nesses últimos anos é o volume de atletas que vem levando isso a sério” avalia o atleta. “Ver o que é hoje o futebol americano no Brasil é sensacional” acrescenta Tuleski.

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FABR Day

E foi desse encontro entre os times, na partida de 25 de outubro de 2008, que o Salão Oval decidiu criar o FABR Day, em 2017. Hoje, a comunidade do futebol americano nacional organicamente compartilha lembranças, com postagens de fotos e vídeos, e ajudam a divulgar o esporte nacional.

> Saiba mais sobre o #FABRDay

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