Quem conhece de perto a São Paulo Football League sabe da onipresença de Cris Kaji nos jogos da competição paulista de futebol americano, o maior estadual do Brasil. Inseparável de seu rádio, ela coordena todos os detalhes da partida, da água das equipes ao atendimento à imprensa. Mas o esporte que surgiu em sua vida por sua paixão pelo Corinthians (e consequentemente pelo Steamrollers), seria estranho para uma técnica em edificações e administradora de empresas conhecida então somente como Cristiane Kajiwara.
“Trabalhava em uma empresa de tecnologia, como gerente operacional e administrativa. Tive uma grande bagagem profissional, inclusive com experiências internacionais, que ajudou bastante agora que vim para o Futebol Americano”, explica a recém-aclamada presidente da Confederação Brasileira de Futebol Americano, a CBFA.
Mas, além do alvinegro do Parque São Jorge, o que foi definitivo para que Cris quisesse entrar de vez para o FABR? “O que me fez me apaixonar pelo esporte é essa garra e a paixão que os atletas tem quando eles entram em campo e, principalmente, a diferença de realmente poder mudar vidas. Vemos garotos sem perspectivas que se encontram no futebol americano; outros com quadros depressivos, que acabam melhorando por conta do esporte, que, em sua fase inicial, dá oportunidade a vários biotipos e a todas às idades”, sentencia.
É com este perfil que Cris Kaji irá assumir a Confederação Brasileira de Futebol Americano. Assumindo após a presidência interina de Marcelli Bassani, que desistiu de concorrer ao cargo de forma definitiva por motivos pessoais, Cris terá o desafio de restaurar (ou até mesmo construir) a credibilidade de uma entidade esportiva diante de suas Federações e perante potenciais patrocinadores e demais stakeholders.
Com o trabalho bem estabelecido em São Paulo, questionamos como ela tentará conquistar a confiança de outros estados importantes para o futebol americano: “Se houver alguma resistência, pode ser que seja por conta do (Ricardo) Trigo (presidente do Corinthians Steamrollers e da Federação Paulista de Futebol Americano – FEPAPA). Mas não sou uma mera secretária do Trigo. Muitos já conhecem meu trabalho, como em Minas Gerais, com o presidente Giuliano Grotto (Federação Mineira de Futebol Americano – FEMFA) e também com o Tiago Munden (vice de Cris na chapa única que assumiu no último domingo, 7)”, afirma.
Desafios e composição da Diretoria
O cenário não é nada animador para Cris. A chapa CBFA Mais Forte assume com o compromisso de terminar o mandato de quatro anos, o que já seria um avanço diante das três anteriores – que renunciaram por diferentes motivos (relembre sobre as renúncias de Guto Sousa, Rogério Pimentel e Ítalo Mingoni).
Além disso, a CBFA acumula dívidas diversas, cujos principais passivos são: R$ 39.791 reais (dívidas trabalhistas de rescisão CLT do ex-presidente, Ítalo Mingoni); R$ 32 mil reais para a Big Mídia (provedora do site e estatísticas para a Confederação); R$ 10 mil reais para a Score Gestão Esportiva (rompimento de contrato de produção de cursos educacionais); e débitos internacionais – USA Football: US$ 8.967,48 mil (mundiais de FA e Flag) e IFAF: 100 euros. Há ainda um valor a receber de R$ 40 mil, referente a um empréstimo da CBFA para a Liga BFA, para a produção do Brasil Bowl do ano passado.
Segundo Cris, a diretoria não será remunerada: “Todos têm a consciência de que será um trabalho voluntário, temos que recuperar os passivos primeiro. Mesmo assim, o que entrar primeiro não será todo investido em amortizar dívidas, haverá um estudo (…) Na parte comercial sim, quem trouxer patrocinadores, terá comissões, uma prática de mercado”, explicou a presidente.
A diretoria encabeçada por Cris Kaji e que tem como vice Tiago Munden será composta por: Igor Rick (Diretor Administrativo), João Rocha (Diretor Financeiro), Dayyán Morandi (Diretor de marketing comercial), Marcelo Taveira (Diretor Executivo), Sonia Sawicki (Departamento Feminino), Jesé Guimarães (Educação e Desenvolvimento), Rodrigo Nascimento (Comunicação), Felipe Pereira (Diretoria Internacional), Mariana Leite (Desenvolvimento Regional Nordeste) e Adaílson Martins (Desenvolvimento Regional Norte).
Principais pontos da nova gestão
Conheça um pouco mais da presidente da CBFA e seus planos para a Confederação, em falas obtidas pelo Salão Oval em duas oportunidades: gravação do podcast Timeout e questionamentos feitos à assessoria de imprensa da entidade.
1º semestre e a pandemia: Cris pretende, junto com as Federações, definir um calendário sem campeonatos no primeiro semestre e foco em uma reforma administrativa para atualizar o estatuto da Confederação e adequação da Lei Pelé. Desta forma, o tempo inativo dentro do campo por conta da pandemia do coronavírus servirá para atualizar parte burocrática, administrativa e marketing.
Campeonato Nacional: a gestão de Cris Kaji não irá priorizar (ou excluir, a priori) a continuidade da BFA – que está prevista para ter sua quarta edição de um campeonato unificado agora em 2021. Para a nova presidente, a BFA deve oferecer contrapartidas pela chancela de campeonato nacional dada à Liga pela entidade máxima do futebol americano.
Haverá tratativas para que a dívida de R$ 40 mil da BFA (pelo empréstimo da gestão de Ítalo Mingoni à realização do Brasil Bowl de 2019, já citado) seja quitada e também para a realização da edição de 2021.
Outra zona de conflito entre CBFA e BFA está em mudanças estruturais propostas pela Liga: “A iniciativa da BFA em criar uma associação de clubes meio que inutiliza a necessidade da CBFA e Federações”, comentou Cris na gravação do podcast Timeout, com participação do Salão Oval.
> BFA anuncia mudanças estruturais e administrativas para 2021
Alternativas apontadas como possíveis nacionais são a Liga Nacional ou a própria CBFA realizar o sua edição do nacional – ambas podem apontar para um novo racha do esporte, algo não visto desde 2015 (último ano do extinto Torneio Touchdown).
Marketing e Seleções Brasileiras: A aposta da nova diretoria da CBFA é a parceria com o Grupo LX, agência de marketing que tem no currículo trabalhos com La Liga e NFL, além de jogadores de futebol do porte de Marcelo (Real Madrid) e William (Arsenal). E justamente com o trabalho da agência que a CBFA pretende alavancar as possíveis participações de seleções brasileiras em 2021 – o Mundial de Flag na Espanha, previsto para outubro, e o amistoso do Brasil Onças no final do ano, contra um combinado europeu (além de clínicas com os técnicos do Velho Continente).
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Legado: “Quero executar de maneira concreta o incentivo às categorias de base em todo o País, junto às Federações. Um trabalho contínuo para captar talentos, desde aos 13 aos 16 no flag, e dos 16 para cima já no futebol americano. Será o desenvolvimento de um projeto não só de alto rendimento, mas em uma massificação nas escolas”, concluiu a presidente.
[…] Você pode conferir o total aqui. […]
[…] A reunião contou com a presença do Secretário de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo Marcos Penido, o assessor do Deputado Federal Alexandre Frota, Jean Nunes, o Sub Prefeito de Cidade Tiradentes Ozziel Souza, além do Presidente da FEPAFA Ricardo Trigo e a Presidente da CBFA – Confederação Brasileira de Futebol Americano Cris Kajiwara. […]
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